O IGP: como funciona a perícia criminal 1
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A unidade regional do Instituto Geral de Perícias (IGP) já está em funcionamento em Santa Cruz do Sul. Instalada no último andar do Centro Integrado de Segurança e Cidadania, no Bairro Arroio Grande, o posto avançado de criminalística abriu as portas na manhã dessa quinta-feira e vai funcionar 24 horas por dia, atendendo 77 municípios. A equipe é formada por seis peritos, além de técnicos em perícia, fotógrafos e motoristas, totalizando 12 servidores. Mas, afinal, o que faz o IGP?

Inicialmente a unidade de Santa Cruz não vai contar com laboratório. Isso significa que os peritos locais irão fazer apenas a coleta de provas, as quais serão encaminhadas para análise em Porto Alegre. Essa coleta será feita em todo local onde ocorrer uma morte violenta ou outro crime grave. Estão incluídos homicídios, suicídios e acidentes de trânsito, além de explosões em agências bancárias. Ao contrário do que acontece com a Brigada Militar e o Samu, por exemplo, o IGP não pode ser acionado pelo cidadão comum. A chamada deve partir da Polícia Civil. A partir daí, os peritos imediatamente vão para o local solicitado.

Chegando na cena do crime, começa o recolhimento das provas pela equipe, que será formada sempre por, pelo menos, um perito, um fotógrafo e um motorista. “É muito importante que a cena do crime não seja alterada. Muitas vezes, com boa intenção, as pessoas tentam remover a vítima e acabam mexendo no cenário, o que dificulta o trabalho da perícia”, explica o chefe regional do IGP, Maiquel Luís Santos. Ao fotógrafo cabe fazer uma foto identificadora, que mostre o rosto da vítima, e também do restante do local e das provas. “Segundo o Código Penal, a vítima deve ser fotografada na exata posição em que foi encontrada”, detalha.

O perito, por sua vez, conta com diversos equipamentos, que são transportados dentro de maletas, para colher as provas. Entre os instrumentos estão luvas, medidores, marcadores de provas (placas numeradas), luzes forenses (que indicam a presença de material biológico, como resquícios de sangue), kit esterilizado para coleta de material biológico, lupas e pincel para revelar impressões digitais. Depois de coletadas, as provas são armazenadas em um envelope plástico, que é identificado e lacrado. Provas biológicas, quando necessárias, são armazenadas na geladeira, e tudo é enviado posteriormente à Capital.

A análise das provas é fundamental para que a Polícia Civil possa instaurar os inquéritos e apontar culpados pelos crimes contra a vida, como aconteceu no caso da jovem Francine Ribeiro, assassinada no entorno do Lago Dourado. A partir de um pelo e de sêmen retirados do corpo da vítima, os investigadores conseguiram provar que o suspeito Jair Menezes Rocha foi o autor do homicídio. A grande vantagem da nova unidade regional será a agilidade: antes, era preciso esperar a chegada de peritos de cidades mais distantes.

SAIBA MAIS

Que casos o IGP atende? Toda ocorrência de morte com suspeita de violência que tenha deixado vestígio, desde homicídios até acidentes de trânsito. Explosões em bancos também passam por perícia.

Quem chama o IGP? A perícia deve ser acionada pela Polícia Civil.

O que é feito no local? Um perito vai procurar e coletar provas materiais, enquanto o fotógrafo irá tirar um foto identificadora da vítima (de rosto), além registrar em imagens a forma como ela foi encontrada e os detalhes do local do crime.

O que é considerado uma prova? Projéteis, estojos ejetados por armas de fogo, impressões digitais, DNA (a partir de fios de cabelo, por exemplo), marcas de pegada e de pneu são alguns exemplos de provas coletadas pelos perito. Todas as lesões existentes na vítima, na parte externa do corpo, também são identificadas: é o chamado exame perinecroscópico. Material biológico e projéteis que estejam dentro do corpo são coletados pelo médico legista, no exame de necropsia.

Que equipamentos são utilizados? Os peritos usam diversos materiais para coletar as provas. Com uso de luvas, provas visíveis como projéteis, armas de fogo e outros objetos são recolhidas e colocadas em envelopes identificados e lacrados. No caso das impressões digitais, que costumam ser invisíveis a olho nu, usa-se luzes forenses (vermelhas, azuis, verdes, UV) e um pó específico para revelar impressões latentes, o qual é espalhado sobre as superfícies com o uso de um pincel. Há ainda o luminol, que detecta sangue através da identificação do ferro na hemoglobina, fazendo o material brilhar no escuro.

A quais análises as provas são submetidas? Existem o exame de DNA, que identifica a quem pertence um determinado material biológico (sangue, fio de cabelo, sêmen); papiloscópico, que checa as impressões digitais; confronto balístico e vestigial, que descobrem a origem e trajetória das balas e os ferimentos causados por elas; subungueal, que analisa o material presente embaixo das unhas da vítima, comum em casos onde houve luta corporal antes da morte; perícia documentoscópica, usada para comparar a caligrafia de um bilhete de suicídio, por exemplo; entre outros tipos.

Fonte: http://www.gaz.com.br/conteudos/regional/2018/11/02/133447-por_dentro_do_igp_como_funciona_a_pericia_criminal.html.php